sexta-feira, 19 de novembro de 2010

  


  Em tudo o que há mais belo, a rosa da beleza

Se nos impõe, gerando o anseio de aumentá-la,

E, entre os seres mortais, a própria natureza

Ao herdeiro confere o dom de eterniza-la.

Mas tu, assim concentrado em teu olhar brilhante,

Sem o alento de outra alma a que a tua dê abrigo,

Cheio de amor, negando amor a todo instante,

De ti mesmo e do teu encanto és inimigo.

Tu, agora, esplendoroso ornamento do mundo

E arauto singular de alegre primavera,

Tu, botão, dentro em ti sepultas, infecundo,

Teu gozo e te destróis, poupando o que exubera.

Faze prole, ou , glutão, em ti e na sepultura,

Virá a tragar o mundo a tua formosura.  

                             
                                                   ( William Shakespeare )




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